Angelo Carneiro
"Low prevalence of fetal-type posterior cerebral artery in patients with basilar tip aneurysms"
Neste artigo1, os autores descrevem um estudo retrospetivo de casos (59 doentes com aneurismas do topo da artéria basilar - BTA) e controlos (doentes submetidos a angiografia, sem BTA), comparando a frequência de configuração fetal da artéria cerebral posterior e do tipo de fusão do topo da artéria basilar.
A principal conclusão do estudo é a de que, nos doentes com BTA, a prevalência de configuração fetal da artéria cerebral posterior é menor. Estes achados reforçam o conceito da importância do stress hemodinâmico na fisiopatologia dos aneurismas. Nas situações em que a artéria cerebral posterior tem configuração fetal, o seu principal “contributo” origina-se da circulação carotídea, via artéria comunicante posterior, com um contributo menor do segmento P1 (recorde-se que esta situação constitui a predominância da divisão posterior da artéria carótida interna fetal, com um contributo menor da circulação posterior). Desta forma, tal como referido pelos autores, o fluxo na artéria basilar é menor2, sendo igualmente diferente o stress a que é sujeita a bifurcação do topo da artéria basilar.
Assim, pode acontecer que, nas situações em que haja um BTA e, simultaneamente, uma configuração fetal da artéria cerebral posterior, o tratamento endovascular tenha resultados mais duradoiros e que não seja necessário um seguimento pós-tratamento tão apertado. Por outro lado, tal como os autores comentam, a existência de uma configuração fetal pode dificultar a realização de alguns tratamentos endovasculares, nomeadamente a colocação de um stent.
1) Diogo, M. C., Fragata, I., Dias, S. P., Nunes, J., Pamplona, J., & Reis, J. (2016). Low prevalence of fetal-type posterior cerebral artery in patients with basilar tip aneurysms. Journal of NeuroInterventional Surgery, neurintsurg-2016.
2) Tanaka, H., Fujita, N., Enoki, T., Matsumoto, K., Watanabe, Y., Murase, K., & Nakamura, H. (2006). Relationship between variations in the circle of Willis and flow rates in internal carotid and basilar arteries determined by means of magnetic resonance imaging with semiautomated lumen segmentation: reference data from 125 healthy volunteers. American journal of neuroradiology, 27(8), 1770-1775.